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terça-feira, 12 de julho de 2011

O “oxi” vem aí. Prof. Ruy Palhano. Prof. Psiquiatria/UFMA.

A grande imprensa brasileira tem se encarregado nas últimas semanas de nos informar sobre a presença sorrateira de mais um composto que vem sendo utilizado como substância de abuso. Trata-se de um composto excitante do cérebro obtido de uma das etapas de fabrico da cocaína, denominado de OXI, termo simplificado da palavra oxidado.
Apesar de só agora ser objeto de destaque da grande mídia, o uso da droga já é realizado há alguns anos, especialmente nos países andinos como Peru e Bolívia. No Brasil, há indícios de que o Acre foi o estado onde começou a circular a substância e hoje, a Polícia Federal já registra sua presença no Pará, Brasília, Rio de Janeiro e em alguns pontos de São Paulo.
É importante recordar que o processo de fabricação e refino da cocaína é longo e exige técnica apurada, embora rudimentar. Ocorre a adição de várias substâncias (solventes orgânicos) até obter-se a liberação do alcalóide contido nas folhas da coca. Sabe-se que, inicialmente, as folhas de coca são arrancadas dos pés e levadas a tendas escondidas na floresta, onde são trituradas com o auxílio de cortador de grama ou manualmente e armazenadas em pequenas quantidades para, em seguida, serem manipuladas.
Sobre as folhas são colocadas porções de cimento, usados na construção civil, e, em seguida, molha-se as folhas com uma mistura composta de soda cáustica, amônia e gasolina, por meio de um regador.
A outra etapa do processo é o pisoteio, por meio do qual se macera as folhas andando sobre elas por horas, ocasião em que se adiciona uma quantidade definida de cal virgem, matéria prima do gesso utilizada em pintura. Em seguida, permanecem pisoteando a mistura para adicionar gasolina, e, posteriormente, solução de ácido sulfúrico e, depois, de amônia. Deixam o composto descansar por algum tempo em tonéis, sendo o resultado dessa mistura a pasta básica, “basuco”, “basuca” ou ainda “free base”, expressão inglesa que significa base livre. Nesse momento do processo do fabrico, já se encontra uma quantidade grande de alcalóide (substância do pó de coca).
São adicionados posteriormente outros processos químicos, como acetona e outras substâncias para formar o famoso pó branco. Quando chega finalmente nas mãos dos traficantes, esse pó é misturado com vidro moído, fermento em pó, lidocaína, procaína, benzocaína, pó de giz, pó de mármore, dentre outros produtos, para, só então, ser colocado a venda, no tão disputado e perigoso mercado do tráfico.
É de se pensar sobre os milhões de viciados que se espalham pelas favelas e condomínios de luxo por todo o Brasil, que normalmente desenvolvem graves doenças mentais a ponto de se internarem em hospitais psiquiátricos. Imaginem as inúmeras doenças orgânicas que adquirem por conta de todos esses produtos químicos e impurezas utilizadas no complicado processo de fabricação da cocaína?
Os laboratórios clandestinos ainda empregam técnicas rudimentares para adquirirem a cocaína. Estima-se que 500 kg de folhas da coca são transformados em 2,5 kg de pasta de coca; 2,5 kg de pasta de coca viram 1 kg de sulfato base de cocaína; 1 kg de sulfato base destilado resulta em 1 kg de hidrocloridorato de cocaína (pó branco); 1kg de hidrocloridrato recebe a adição de talco e outros produtos e resulta em 12 kg de droga, que finalmente é vendido ao consumidor desavisado.
O Oxi, que é um subproduto dessa cadeia de fabricação. Ocorre, todavia, que a concentração de alcalóides é maior, considerando que o Oxi é obtido logo na fase pasta base (free-base), ocasião em que se adiciona gasolina e outros

domingo, 10 de julho de 2011

VOCÊ SABIA?

Fleming (1881-1955)
     Alexander Fleming vinha já há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas. Essa preocupação se justificava pela experiência adquirida na Primeira Grande Guerra (1914-1918), na qual muitos combatentes morreram em conseqüência da infecção em ferimentos profundos. Fleming fora um aluno brilhante no curso médico. Após sua graduação, dedicou-se à bacteriologia, como assistente de Almroth Wright no St. Marys’s Hospital, de Londres. Foram muitas suas pesquisas, porém a descoberta da penicilina ofuscou as demais. Em 1921 Fleming descobrira uma substância antibacteriana existente nas secreções como a lágrima, muco nasal e saliva, a qual dera o nome de lisozima. Em 1928 Fleming desenvolvia pesquisas sobre estafilococos, quando descobriu a penicilina. A descoberta da penicilina deu-se graças ao acaso e ao espírito de observação de Fleming, confirmando a sentença de Pasteur de que o acaso só favorece as mentes preparadas. No mês de agosto daquele ano Fleming tirou férias e, por esquecimento, deixou algumas placas com culturas de estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardá-las na geladeira ou inutilizá-las, como seria natural. Quando retornou ao trabalho, em setembro, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, fato que é relativamente freqüente. Colocou-as então, em uma bandeja para limpeza e esterilização com lisol, quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância bactericida. Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior. O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicilium, donde deriva o nome de penicilina dado à substância por ele produzida. Verificou que a penicilina inibia o crescimento das colônias de bactérias Gram-positivas, como estafilococos e estreptococos, e passou a empregá-la em seu laboratório para selecionar determinadas bactérias que eram resistentes à sua ação. A descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Em 1940, Sir Howard Florey e Ernst Chain, de Oxford, retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina - a era dos antibióticos. Em 1945, Fleming, Florey e Chain receberam conjuntamente o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.

AMPLIANDO O SEU CONHECIMENTO

 Roentgen (1845-1923)
Em novembro de 1895, o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen descobriu em seu laboratório de Física da Universidade Würzburg um novo de tipo de radiação, a que chamou de raios-X por desconhecer a sua natureza. Ao passar uma corrente elétrica por uma ampola de Crooks recoberta por papel negro, em ambiente também escuro, notou luminescência em uma placa de platinocianeto de bário que se encontrava sobre a mesa. Verificou que essa radiação tinha o poder de atravessar o papel, a madeira e outros objetos, e de impressionar um filme fotográfico. Colocando a mão de sua esposa sobre o filme, obteve com os raios-X uma fotografia dos ossos da mão com o anel no dedo anular. Convencido da importância de sua descoberta, apresentou à Sociedade de Física Médica de Würzburg, para publicação, uma nota prévia com o título Sobre uma nova
Espécie de raio.
        Em 23 de janeiro de 1896 fez uma demonstração perante àquela sociedade, fotografando a mão do professor de anatomia da Universidade, Albert von Kolliker. Kolliker propôs o nome de raios Roentgen para os raios-X. A notícia espalhou-se pelo mundo, prevendo-se a aplicação imediata dos raios-X em medicina. Roentgen não quis tirar patente de sua descoberta e respondeu a propostas nesse sentido com as seguintes palavras: "De acordo com a tradição dos professores universitários alemães, sou de opinião que as descobertas e invenções se destinam a servir à humanidade e não devem ter qualquer exclusividade, nem proteção de patentes, licenças ou contratos, nem devem ser controlados por qualquer grupo". Com esse propósito, Roentgen deixava livre o caminho para que as empresas industriais construíssem e aperfeiçoassem aparelhos de raios-X. Já em 1897 foram os mesmos utilizados em cirurgia militar, na guerra da Grécia com a Turquia e na guerra dos Canudos, no Brasil. Roentgen foi o primeiro a receber o prêmio Nobel de Física em 1901. A partir de então Roentgen sofreu uma campanha de descrédito por parte de alguns físicos da época quanto sua prioridade na descoberta, o que muito o amargurou, apesar das muitas homenagens e honrarias que recebeu. Faleceu em Munich, em 1923, aos 78 anos de idade. A descoberta dos raios-X assinala o início da era tecnológica da medicina.