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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O SUS E SEU CALCANHAR DE AQUILES


 ALDIR PENHA COSTA FERREIRA*

Chegam-nos através da imprensa, quase diariamente, notícias sobre o precário estado das instalações - e o mau funcionamento - de alguns serviços públicos de saúde. Superlotação de pacientes, deficiência de pessoal e material e assim por diante.
Isso, porém, era previsível. Uma análise superficial apenas confirma. Acontece que o SUS (Sistema Único de Saúde), embora muito bem elaborado, dir-se-ia perfeito no papel, não foi, não é e dificilmente será levado ao terreno da prática tal como planejado. Perdoem-me os idealistas, mas não houve, não há e talvez nunca haja a necessária lisura na aplicação prática dos princípios administrativos e dos recursos financeiros preconizados. A municipalização – alguns chamam, jocosamente, prefeiturização - da saúde não atingiu, não atinge e dificilmente atingirá os seus objetivos. A explicação é simples: enquanto predominar esse temperamento bem brasileiro de usufruir vantagens pessoais – e político-partidárias – à custa do processo, a Lei 8.080/90 e outras jamais serão cumpridas à risca.
Sabe-se que o Dr. Adib Jatene preferiu deixar de ser Ministro da Saúde porque descobriu que os recursos do SUS estavam sendo canalizados para fins diferentes dos da sua pasta. Além disso, em muitos municípios do Maranhão - e com certeza de outros Estados - os proprietários de hospitais que não se afinaram com os propósitos políticos dos prefeitos foram punidos com a restrição – e até suspensão - do fornecimento de AIHs. O resultado foi que a maioria fechou as suas portas. E as prefeituras, senhoras de rédeas e verbas, não tiveram e ainda não têm condição de cumprir outra determinação da lei citada: prioridade, com eficiência e eficácia, dos serviços públicos de saúde. Não estão conseguindo, como se diz na gíria, “descascar o pepino”. A consequência, como diria o ex-governador Jackson Lago, é essa procissão de ambulâncias no rumo de São Luís, onde as condições de controle de verbas – e de execução de serviços – vêm sendo, na medida do possível, cumpridas.
A prática dos serviços de saúde é uma atividade cara. Tem que ser metodicamente planejada e executada, não só em termos de controle de gastos, mas também de adequação de pessoal, disponibilização de recursos materiais, acompanhamento da evolução científica e tecnológica, e muito mais.
Os serviços públicos de saúde de São Luís, por maior que seja o empenho de seus dirigentes, não têm condição de assumir a carga de outros municípios, porque também aqui existem enormes dificuldades. Só para exemplificar, num conhecido serviço da banda de cá os médicos mandam comprar, pagando do próprio bolso, pausinhos de picolé para usarem como abaixadores de língua.
Saúde e muito mais que levantar edifícios e pôr vistosos letreiros em paredes e ambulâncias. É higiene pessoal, é morada digna, é saneamento básico, é água potável, é salário, é educação... Saúde é seriedade de propósitos.
Prática difícil? É. Não é fácil. E por não ser fácil, a sua execução demanda esforço, dedicação, profissionalismo, decisão política e principalmente isenção das influências estranhas ao processo.
Esse o calcanhar de aquiles do Sistema Único de Saúde. Vítima, em muitos locais, dos desencontros de interesses, as verbas muitas vezes são canalizadas para outros fins, e a consequência é essa que se vê. Plagiando a idéia do poeta, “é necessário isentar serviços de saúde dos interesses estranhos”

* Médico, ex-professor da UFMA, membro da Academia Maranhense de Medicina e da Sociedade Maranhense de História da Medicina.


   

sábado, 16 de fevereiro de 2013

I CONGRESSO PIAUIENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA.


Normas para submissão de trabalhos científicos
Apresentação
O 1º Congresso Piauiense de História da Medicina é uma iniciativa da Sociedade Piauiense de História da Medicina (SPiHM) e Instituições de Ensino Superior no Piauí. Esse evento tem como objetivo promover a discussão da historiologia médica.
Não há uma temática específica, ficando os autores livres para tal. Os melhores trabalhos apresentados em pôster e em apresentação oral receberão o Premio “Dr. Francisco Ramos” e outros dois receberão menção honrosa. Ambos os melhores trabalhos terão a garantia de sua publicação na Revista STHETOS da Academia de Medicina do Piauí.
O evento terá um caráter social, acadêmico e científico amplo, com interação social com a comunidade e apresentação de trabalhos sob a forma de comunicações orais e posters. Serão oferecidas palestras, conferencias e lançamento de livros relacionados à história da medicina.
Pela sua proposta, o congresso vem consolidar a Sociedade Piauiense de História da Medicina e será um evento pleno de oportunidades de discussão e aprofundamento sobre a história médica, buscando contribuir para o seu crescimento enquanto componente da vida acadêmica.
1. Inscrição de Trabalhos
As modalidades abertas às inscrições são:
  • Comunicação oral
  • Posters
O período para inscrição de trabalhos será de 06 de fevereiro a 08 de março de 2013
2. Modalidades de inscrições de trabalhos
2.1. Comunicação Oral
Apresentadores: Cada trabalho poderá ter no máximo um apresentador, que poderá ser docente, técnico ou aluno.
Duração: Cada apresentação terá 07 (sete) minutos para a apresentação, incluindo a projeção de vídeo e slides e mais 03 (três) minutos para perguntas/debates. Os participantes deverão permanecer até o término da sessão.
As comunicações orais serão sessões presenciais de apresentação de trabalhos coordenadas por  uma mesa presidida por docentes médicos e/ou historiadores de universidades envolvidas no evento.
A seleção de trabalhos para comunicação oral será realizada a partir da análise do artigo (em.PDF), que deverá ser anexado no momento da inscrição no formato estabelecido abaixo. Caso selecionado, o artigo será publicado na íntegra na Revista STHETOS.
Os 12 (doze) trabalhos selecionados para apresentação oral (podendo ser ampliados o numero de trabalhos a critério da comissão organizadora) serão apresentados por membro das respectivas equipes, podendo ser docente, técnico ou aluno, mas a inscrição deve, obrigatoriamente, ser realizada por todos os membros do trabalho.
A apresentação deve ser organizada de forma a facilitar o entendimento da ação de extensão, sendo que devem ser destacadas as seguintes informações básicas: instituição de ensino superior, coordenador e demais membros da equipe, local de execução da ação de extensão, formas de apoio recebidas para a execução da ação, metodologias utilizadas, formas de participação da comunidade externa (se aplicável), avaliação da ação, tanto em relação ao seu desenvolvimento como dos resultados obtidos, e publicações vinculadas à ação (se aplicável).
Para a comunicação oral, a seleção dos trabalhos privilegiará ações com resultados já obtidos e analisados, mesmo que de forma parcial. O objetivo é a apresentação de metodologias e processos de trabalho em extensão baseadas em práticas realizadas com sucesso ou com avaliação das causas do insucesso.
2.2. Posters
Apresentadores: Cada trabalho poderá ter no máximo seis participantes.
Duração: A apresentação em posters é um espaço de qualificação do fazer extensionista. Os posters obedecem a mesma configuração da apresentação oral excetuando-se que a apresentação do posters ficará afixado em um mural durante todo o dia 16 de março de 2013 no CRM-PI. Os posters podem ser dirigidos ao público externo ao evento, na forma de prática demonstrativa.
No poster, deve ser destacado (sublinhado) quem será o responsável por ministrar a apresentação. A organização do evento disponibilizará espaço físico, sendo de responsabilidade do ministrante trazer os materiais necessários para a execução da atividade. As necessidades de equipamentos deverão ser informadas na inscrição, e serão avaliadas de acordo com a disponibilidade do evento.
Os posters deverão ter 1,20 x 0,90 cm. Os resumos devem ser enviados no memso modelo da apresentação oral e os posters entregues na secretaria do evento até as 8h do dia 16 de março, sábado, no CRM-PI.



3. Cronograma*
 MOTIVOS
DATAS
Inscrições de trabalhos
06 de fevereiro a 08 de março
Análise dos trabalhos pelos pareceristas
08 e 09 de março
Divulgação dos trabalhos aprovados
11 de março
Inscrições de Participantes no evento
 a partir de 06 de fevereiro
Realização do Evento
15 a 16 de março de 2013
e-mail para envio dos trabalhos
Duvidas A/C Prof. Dr. Luiz Ayrton
*Os prazos estão sujeitos a alterações.  

4. Submissão de trabalhos:
Só serão avaliados aquelas inscrições que anexarem o artigo do trabalho em arquivo (PDF), conforme o formato abaixo.
Orientações Gerais: tamanho A4; fonte Times New Roman, tamanho 12;- margens superior, inferior e direita: 2,5cm; margem esquerda: 3,0cm;
- itens e subitens em negrito e centralizado;
- espaçamento: entre o Título e Autores e no texto:  1,5cm; simples entre os itens e subitens;
- tabulação do parágrafo: 1,25 cm (padrão Word)
O gráfico da próxima página deverá ser salvo em Word numa folha separada deste texto e ser entregue preenchido com as informações do trabalho. Em seguida, em padrão PDF, enviado para o e-mail: valdette@hotmail.com
Durante o envio, o que está em azul no gráfico abaixo deverá ser trocado pelas informações sobre o trabalho.




Título do trabalho
Letras maiúsculas e em negrito
Área temática
Ambiente (   ) Tecnologia (   ) Especialidade Médicas (   ) Instituições e hospitais (   ) Vultos (   )
Saúde Publica (   ) Educação médica (   )
Tipo de apresentação
Oral (   )
Poster (    )
Responsável pelo trabalho
Nome e sobrenome do apresentador.
Instituição
Nome da instituição por extenso (em parênteses, a sigla).
Nome dos Autores
Nome completo dos autores (inclusive do apresentador que deverá vir sublinhado) com primeira letra em maiúscula, separados por ponto e vírgula.
Palavras-chave
Identificação de até 03 (três) expressões ou palavras que sintetizem o objeto do trabalho e que permitam a posterior localização do resumo em bases de dados
Resumo (Máximo de 250 palavras, sem parágrafo e sem citações bibliográficas)
INTRODUÇÂO: Demonstrar a importância/relevância do trabalho. Contextualizar a situação problema, o ambiente e os atores da ação extensionista. Demonstrar a vinculação com a pesquisa e o ensino. Apresentar os objetivos do trabalho ao final da introdução. MATERIAL E METODOLOGIA: Descrever o local, os materiais utilizados, as etapas e o universo abordado. Descrever as etapas em ordem cronológica. Destacar a metodologia utilizada, com revisão bibliográfica, se aplicável. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Apresentar os dados obtidos, análise e discussão dos resultados. Poderão ser apresentados imagens, gráficos, quadros ou tabelas. Destacar a participação da comunidade, se existente, e a alteração da situação problema. CONCLUSÃO: Concluir se os objetivos foram alcançados, tomando como referencial a discussão, dos resultados. Ressaltar os ganhos acadêmicos e a relevância do material estudado.
Referências
Relacionar todas as referências citadas nas demais partes do trabalho redigido, conforme as normas da ABNT.
Endereço
Endereço completo do principal autor
E-mail
e-mail completo



5. Valores
  • Inscrições de médicos e historiadores sócios da SPiHM - R$ 70,00
  • Profissionais não-sócios da SPiHM – R$ 100,00
  • Inscrições de Alunos de Pós-Graduação - R$ 30,00
  • Inscrições de Alunos de Graduação - R$ 30,00

6. Avaliação
6.1. Pareceristas
Os trabalhos enviados serão avaliados por meio eletrônico, por pareceristas ad hoc indicados pela SPiHM.
6.2. Critérios de avaliação
Os critérios de avaliação serão:
  • Relevância da proposta estudada
  • Abordagem conceitual
  • Procedimento metodológico
  • Discussão dos resultados

7. Considerações finais
As apresentações nas modalidades: Comunicação Oral serão realizadas por slides digitais para projeção por meio de datashow das 15 as 17h no local do evento.
A organização do evento disponibilizará computadores e projetores, prevendo o uso de arquivos compatíveis com o programa Microsoft Power Point e no Programa Windows Media Player. O vídeo deverá ser gravado em mídia digital, nos formatos VCD, SVCD ou DVD.
Os apresentadores deverão estar presentes trinta minutos antes do início da sessão para a inclusão/organização do material de sua apresentação e deverão permanecer até o término da sessão.
Todas as sessões estarão abertas a participação do público do evento, respeitando a capacidade do espaço físico.
Todos os autores terão direito a seus certificados desde que inscritos no evento. A comissão avaliadora indicará os melhores trabalhos como ganhadores do Premio “Dr Francisco Ramos” 
Os casos omissos serão submetidos à Comissão Científica do evento.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

COMENTANDO OS CONGRESSOS DE HISTÓRIA DA MEDICINA, EM SÃO LUÍS – MA.*


* João Amilcar Salgado.

Estamos regressando da Ilha de São Luís, onde, de 07 a 10/11/2012, Aymoré de Castro Alvim nos recebeu para o 17º Congresso Brasileiro de História da Medicina. Ele é mais do que médico, cientista, historiador e escritor: é um autêntico maranhense.
Dois nomes da medicina mineira são fortes ligações desta com a medicina maranhense, duo que se completa em trio com um presidente da república mineiro. São eles Henrique Marques Lisboa, Pedro Nava e Afonso Pena. Marques Lisboa foi combater a peste bubônica em São Luiz em 1904. Contaminou-se, automedicou-se heroicamente e foi um dos debeladores do sinistro. Essa façanha não teria sido divulgada se Nava não escrevesse suas memórias. Já Afonso Pena viabilizou a estrada de ferro São Luiz – Caxias e foi também o primeiro presidente da república a visitar o Maranhão. Influenciado ou não por tais singularidades históricas, impressionou-me a semelhança entre a gente maranhense e o povo mineiro, inclusive no apego à cultura.
Se me encontrasse e conversasse com o Aymoré em Sabará, Ouro Preto ou Diamantina, eu o tomaria por plácido cidadão destas comunas. Só que, comparando o Maranhão com Minas, os historiadores mineiros morrem de inveja. Quando Minas começou sua vida colonial, os maranhenses já tinham dela 200 anos. Na metade desses dois séculos, em 1612, receberam em vez da medicina lusa a francesa, na pessoa do cirurgião Thomas de Lastre.  No final dos mesmos, tiveram o privilégio de receber o padre Antônio Vieira. Para mitigar tal inveja, lembro que, nesse final dos seiscentos, nascia outro jesuíta, Matias Antônio Salgado, considerado o padre Vieira mineiro.
Os pais de Aymoré, certamente sem querer, homenagearam Minas, pois o nome aimoré designa pugnazes indígenas de Minas, jamais subjugados, insubmissão que causou seu genocídio. E o próprio sobrenome Alvim é o mesmo de ilustres cristãos-novos atraídos pelo ouro de nossas entranhas. Em contrapartida, o Maranhão, entre seus médicos ilustres, contou com Carlos Alberto Salgado Borges, meu inesquecível comparsa em pedagogia médica, e conta com Natalino Salgado Filho, a quem conheci ainda estudante, hoje o benemérito da nefrologia do norte-nordeste brasileiro. O que quero dizer é que os Salgado são galegos luso-compostelos, de assinalada contribuição, de norte a sul, à unidade brasileira.
Quando fui pela primeira vez a São Luiz, pedi que me mostrassem o cajueiro de Humberto de Campos, plantado por ele próprio em sua infância e que marcou minha própria infância.  Pediram-me desculpas, pois o cajueiro não se achava em São Luiz, mas na cidade litorânea de Parnaíba, hoje tombado. Humberto, por sinal, deve ser considerado referência na história da medicina, seja pela doença de que foi vítima, seja porque em suas crônicas encontramos preciosas informações sobre a medicina de seu tempo.
Por sua vez, o médico Nina Rodrigues, maranhense de Vargem Grande, nascido há 150 anos, foi homenageado, no encontro, por Arquimedes Viegas Vale, que nos forneceu dados preciosos de suas origens familiares. O lado baiano da  carreira de Nina foi tratada pelo excelente pesquisador Ronaldo Ribeiro Jacobina.  Antônio Carlos Nogueira Britto e Jacobina formam a linha de frente da historia da medicina na Bahia, o primeiro, por nos revelar documentação implacável das escolas médicas oitocentistas de Salvador e Rio de Janeiro; o segundo, por nos mostrar por inteiro tanto Nina como o incrível Juliano Moreira.  Sugiro a leitura do recente livro de Jacobina  LUZES NEGRAS: NEGROS E NEGRAS LUMINOSOS DA BAHIA (2012).
 Eu próprio também falo de Nina Rodrigues no livro NOS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA (CRV, 2011). Os ninistas, desde o século 19 são bravos polemistas, mas a verdade é que o tema continua em pleno debate, exatamente no momento do estabelecimento de cotas raciais nas escolas e quando o Brasil pela primeira vez entrega a ostensivos afrodescendentes altos postos de mando. No próprio transcurso do congresso em pauta, acompanhamos a façanha da reeleição do primeiro negro no governo estadunidense, eleição profetizada por Monteiro Lobato, outro de posições raciais controvertidas, em seu livro O PRESIDENTE NEGRO (1926) – e de quem também falo no mesmo livro. A invejável composição racial do Maranhão, muito bem simbolizada em Gonçalves Dias e Coelho Neto, demais realçada por seu peculiar teor cafuzo, lhe deu riquíssima cultura e, assim, nada mais própria foi a ocasião desse encontro de historiadores.
Já de Aymoré Alvim recomendo as obras CRÔNICAS E CONTOS DE UM PINHEIRENSE (2011) e 400 ANOS DE MEDICINA NO MARANHÃO,  assim como aplaudo os versos de seu filho, Aymoré Filho,  forte  poeta. No Maranhão, aliás, é mais fácil saber quem não é prosador e/ou poeta do que fazer a difícil escolha do melhor destes. E não é que houve disso um vaticínio, quando o beletrista quinhentista João de Barros chegou a ser  um dos primeiros donos virtuais do Maranhão? Entre outros, cito mais quatro médicos-historiadores com os quais tive o prazer de trocar preciosas informações: Aldir Penha Costa Ferreira, autor dos saborosos CONTOS DE JALECO BRANCO (2010), Haroldo Silva Souza, organizador da obra biográfica ACHILLES LISBOA (2000), Antônio de Pádua Souza, autor de O VELEJADOR (2009), de intrigantes contos e novelas, e José Márcio Soares Leite cujo NA DIREÇÃO DA SAÚDE (2012) é lição haurida de bela trajetória, a ser aproveitada por todos os administradores de saúde.
Finalmente, volto a Minas para anotar a grata surpresa da apresentação, em jogral, por Leila Barbosa e Marisa Timponi, de A POÉTICA DA DOENÇA,  poemas descobertos sob papéis íntimos de médicos juiz-foranos. Constitui feliz iniciativa, que há de ter continuidade. Nasceu da criatividade dessas incansáveis investigadoras, capazes de farejar e garimpar qualquer afloramento de coisas do saber e de fino gosto.  

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A SAÚDE É O ESPELHO DA SOCIEDADE


 José Márcio Soares Leite, AMM, SMHM, IHGM.

                      Em artigo publicado na Folha de São Paulo, de 30 de dezembro de 2012, sob o título “Não pode ser crime salvar uma vida”, a advogada criminalista e professora livre-docente de direito penal da Universidade de São Paulo (USP), Janaina Conceição Paschoal, nos diz que “ganha força, na bioética, o princípio da autonomia individual, segundo o qual o paciente deixa de ser visto como alguém subordinado ao médico”. A relação médico-paciente, hoje vertical, passa a ser horizontal, ou seja, o paciente passa a ter opinião na conduta médica a ser definida para o seu caso clínico ou cirúrgico. E prossegue: “não obstante, por mais que tal autonomia do paciente seja importante, não parece razoável tutelá-la por meio do direito penal”, para concluir que “Atualmente, por força do previsto no artigo 146 do Código Penal, o médico que salva a vida de um paciente sem o seu consentimento não pode ser acusado de prática de constrangimento ilegal. No entanto, se o projeto de lei 236/12 for aprovado no Congresso Nacional, essa situação se modificará, pois o artigo 145 dispõe que somente se afasta o crime de constrangimento se o paciente for incapaz ou se não puder manifestar seu consentimento para o ato médico a ser praticado, mesmo que esse ato seja para salvar sua vida”.
              O artigo da Professora Janaina nos remete a uma reflexão, sobre uma terceira via do exercício do ato médico, ou seja, quando o paciente, com ou sem opção manifesta, deixa de receber o tratamento adequado, por absoluta falta de condições materiais do serviço de saúde em que esteja sendo atendido, o que se denomina mistanásia.
          Como agravante dessa situação, a pesquisa sobre o perfil das vítimas de violências e acidentes atendidas em serviços de urgência e emergência selecionados em 74 estabelecimentos no Distrito Federal e 23 capitais brasileiras/2009, trabalho das pesquisadoras Silvânia Suely Caribé de Araújo Andrade; Naíza Nayla Bandeira de Sá; Mércia Gomes Oliveira de Carvalho; Cheila Marina Lima; Marta Maria Alves da Silva; Otaliba Libânio Moraes Neto; Deborah Carvalho Malta (Departamento de Análise de Situação de Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, Brasília-DF e das Universidades Federais de Goiás e de Minas Gerais),  concluiu que 89,9% dos atendimentos dos serviços ditos de urgência e emergência, decorreram de acidentes e violências, em indivíduos do sexo masculino, a maioria na faixa etária de 20 a 29 anos, com baixa escolaridade, situações relacionadas ao consumo de álcool e como locais de ocorrência a residência e a via pública. Situações que exigem uma rápida intervenção da equipe de plantão nesses serviços de saúde, para salvar a vida do paciente e/ou impedir o agravamento das lesões.
           O problema existe, é grave e constitui o maior desafio dos novos prefeitos que ora assumem um primeiro mandato ou que foram reeleitos, pois não esqueçamos ser a saúde o espelho da sociedade, refletindo a quantas anda a administração pública, não somente no que pertine intrisicamente ao processo saúde-doença, mas a governança e a performance das políticas públicas no âmbito municipal, pois  não se trata mais de um direito à vida, mas do direito à vida com saúde.
          Daí a necessidade dos prefeitos ora empossados, desenvolverem pelo menos um perfil mínino de atenção integral à saúde, que incluí: vigilância em saúde, controle de endemias, das doenças sexualmente transmissíveis, imunização, atenção à saúde materno-infantil, atenção à saúde dos idosos, incluindo programa de reabilitação, serviço de pronto atendimento (SPA 24 horas e sala de reabilitação e leitos de observação) e centro de parto normal, serviços esses que devem estar integrados e articulados regionalmente com outros serviços de maior complexidade, por meio de centrais loco-regionais de regulação.
          Para o desenvolvimento desse perfil mínimo em saúde, contudo, é  necessário que os novos prefeitos eleitos no Maranhão, por meio de seus secretários de saúde, lutem na Comissão Intergestores Bipartite do Maranhão (CIB/MA) pela equidade na divisão dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado, e que garantam  o cumprimento da Emenda Constitucional 141/12, que os obriga a gastarem 15% de sua receita líquida em saúde. Esse é o único caminho que pretendem, como espero, salvar vidas.
*Professor Doutor em Ciências da Saúde; Subsecretário de Estado da Saúde; Presidente das Academias Maranhense de Medicina e Pinheirense de Letras, Artes e Ciências, Membro do I.H.G.M e da A.M.C.




HISTÓRIA DA GERIATRIA E GERONTOLOGIA NO BRASIL.


Geriatra e Gerontologista.

Não faz muito tempo, mas há 45 anos, eram poucos os que se preocupavam com o futuro das pessoas. Talvez, estimulados por um Projeto de Lei do Senado Federal de 1954, associado à leituras estrangeiras sobre geriatria, um grupo de profissionais começou a se organizar para fundar uma instituição dedicada ao estudo da Geriatria e da Gerontologia.

Era importante que esse grupo tivesse ligação universitária para que a Geriatria brasileira nascesse forte e respeitada. Foi como um ensaio geral que o professor Israel Bonomo, da Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, organizou um evento nos dias 13, 14 e 15 de maio de 1957 chamado, modestamente, de Mesa Redonda sobre GERONTOLOGIA e realizado na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. A programação foi composta por palestras de 20 minutos onde cada professor, especialista na área, falava sobre as diferenças, já reconhecidas, no funcionamento dos vários aparelhos e sistemas do corpo humano determinadas pelo processo de envelhecimento. 
. Foi um sucesso! O auditório permaneceu lotado durante os três dias.

Temendo que a especialidade permanecesse elitizada, porém cientes da necessidade da integração com a universidade, três médicos tomaram a iniciativa de fundar a Sociedade Brasileira de Geriatria (SBG). Foram eles os Drs. Roberto Segadas Viana, Abrahão Isaac Waisman e Paulo Uchoa Cavalcanti, deixando no cargo de Presidente, estrategicamente, o Prof. Dr. Deolindo Couto. Assim, no dia 3 de julho de 1961 tomou posse a 1ª Diretoria, eleita para o período de 1961-1962, como noticiada na Revista Manchete de 22 de julho de 1961.

Ganhando espaço e reconhecimento na mídia, no dia 9 de setembro de 1961, o Prof. Dr. Peregrino Júnior, ao assumir a Presidência da SBG devido à viagem à Europa do Prof. Dr. Deolindo Couto, escreve um quarto de página no Jornal do Brasil usando o título Da arte difícil de reconhecer a velhice. Ciência nova para gente antiga. 

Posteriormente, o Jornal Brasileiro de Medicina publica os temas Problemas de Medicina Geriátrica e Problemas de Cirurgia Geriátrica em suas edições dos meses de janeiro e fevereiro de 1962, respectivamente.

Mantendo o vínculo universitário, a SBG patrocinou o Curso de Extensão Problemas de Medicina Geriátrica na Universidade do Brasil, realizado às segundas, quartas e sextas-feiras do mês de agosto de 1962. Diferente dos cursos atuais, as aulas eram repetidas em outros dias.

Houve certo esfriamento das atividades da SBG nos anos de 1963 e 1964. À semelhança das baixas no Brasil, a SBG perdia um de seus maiores entusiastas, falecendo Dr. Roberto Segadas. Mas reerguendo-se, elege sua 2ª Diretoria em 08 de setembro de 1965 e expande-se para muito além do Rio de Janeiro de forma que, nos dias 1 a 5 de outubro de 1967, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), através do Prof. Álvaro Barcellos Ferreira, convida a SBG para, juntas, realizarem as primeiras Jornadas Brasileiro-Argentinas de Geriatria e Gerontologia , na Faculdade de Medicina da UFRS. Essa gloriosa experiência permitiu à SBG saltos mais altos fundando a primeira Seção Estadual no Rio Grande do Sul, a SBG-RS.

Para implementar o atendimento integral à pessoa idosa, observou-se a necessidade da incorporação de outras categorias profissionais e, para tanto, realizou-se, então um Simpósio sobre Geriatria na Academia Nacional de Farmácia e um Curso de Iniciação em Gerontologia no Hospital São Francisco de Assis da UFRJ. Os médicos apresentaram a Geriatria para os futuros colegas gerontólogos e os futuros colegas gerontólogos apresentavam a Gerontologia para os médicos. Estava feito o elo entre a Geriatria e a Gerontologia.

Com esse fortalecimento da área, realizou-se o I Congresso Nacional de Geriatria e Gerontologia , de 28 a 31 de maio de 1969. Nessa ocasião, a SBG já estava na sua 3ª Diretoria e o nome Gerontologia foi então incorporado, passando a Sociedade a aceitar como sócios, profissionais de outras categorias envolvidas com o envelhecimento, e a usar a sigla de hoje, SBGG. Congresso Nacional de Geriatria e Gerontologia.

Até esse momento, a SBGGnão tinha sede. Toda a administração era feita dentro dos consultórios dos médicos da Diretoria. 

Consagrando a especialidade, a SBGG torna-se um Departamento da AMB, autorizada a realizar os concursos e a expedir os Títulos de Especialista em Geriatria e Gerontologia, tendo o Dr. Frederico Alberto de Azevedo Gomes recebido o primeiro Título em 1º de outubro de 1969. A partir de então, a SBGGpassou a utilizar como secretaria a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, onde era arquivada toda a sua documentação.

Confiante e embalada pelo espírito acadêmico, a Diretoria da SBGGlançou o primeiro número da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia tendo como seu fundador e diretor responsável o Dr. Gilberto Avena. A tiragem de 1500 exemplares foi insuficiente, imprimindo-se mais 1000 revistas. Elas foram enviadas para todos os envolvidos com a SBGG, para os asilos brasileiros e de vários países e para as faculdades brasileiras de medicina. Essa revista serviu para a divulgação e promoção da SBGG. A partir de então, os Geriatras e Gerontólogos brasileiros, bem como todos os membros da SBGG, começaram a ser chamados a participar de eventos sobre envelhecimento em várias partes do mundo.

Como não se conseguiu patrocínio para confecção de outros números, foi suspensa a publicação da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Sem se abater, o próprio Dr. Gilberto Avena se junta a outro guerreiro, Dr. Abrahão Isaac Waisman, e, com ânimo redobrado, esperanças e entusiasmo incontidos, fazem ressurgir a revista em 1975 e o Prof. Dr. Álvaro Barcellos Ferreira fez o Editorial. 

Em 1977, Dr. Frederico Alberto de Azevedo Gomes propôs a criação de nova revista os Anais Brasileiros de Geriatria e Gerontologia. A SBGG conseguiu publicar quatro números, porém, igualmente à tentativa anterior, foi suspensa por falta de patrocínio.

Um contrato feito com o laboratório Aché garantiu a publicação da revista Geriatria em Síntese entre os anos de 1982 a 1988.

O desenvolvimento da SBGG e de outras sociedades de Geriatria e Gerontologia na América Latina estimulou a fundação da Federação Latino-Americana das Sociedades de Geriatria e Gerontologia, tendo como membros as sociedades Argentina, Brasileira, Uruguaia e Venezuelana (em ordem alfabética, como faziam questão de se apresentarem).

A especialidade suscitava muitas desconfianças, chegando a ser considerada, por alguns, como charlatanismo. Entretanto, pela seriedade e competência como foi conduzida, a SBGG logo foi reconhecida e nossos representantes eram convidados a participar de eventos mundo afora mostrando suas competências. Assim, com o sucesso já consagrado, os profissionais das gerações seguintes aos nossos primeiros mestres, interessados pelo envelhecimento, em qualquer que fosse a área, encontraram campo fértil para o desenvolvimento da Geriatria e da Gerontologia. E, sem decepcioná-los, continuamos crescendo tendo, atualmente, a SBGG 18 Regionais, mais de 2000 associados e múltiplos trabalhos publicados, tanto nacionais quanto internacionais. A SBGGrealizou, em junho de 2005, na cidade do Rio de Janeiro, o 18º Congresso Mundial de Gerontologia e seu ex-presidente, Dr. Renato Maia Guimarães, assume, por 4 anos, a Presidência da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (IAGG).

A SBGG se faz representar, através de suas seccionais, nos Conselhos Estaduais do Idoso e, através de sua Diretoria Nacional, nos Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Educação e da Justiça. Com isso, conseguiu-se incluir a Geriatria em concursos públicos e reconhecer a necessidade de remuneração diferenciada na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) para a Avaliação Geriátrica Global (AGG). As Diretorias Nacional e Estaduais da SBGG têm reivindicado, sistematicamente, maior tempo de consulta nos ambulatórios públicos com atendimento às pessoas idosas.

Simultaneamente ao desenvolvimento técnico e científico da SBGG, o interesse pela área do envelhecimento cresceu no país de forma que muitos dos membros conseguiram criar serviços de formação em Geriatria e Gerontologia em diversas universidades e hospitais públicos e filantrópicos brasileiros.

A dedicação de todos permitiu que em 2002 fosse comprada a to sonhada sede própria, na cidade do Rio de Janeiro, onde pelo Estatuto, a SBGG tem seu domicílio, foro jurídico e sede administrativa. Dessa forma, a História não mais se extraviará nas constantes mudanças.

Reverenciando aqueles que tanto se dedicaram à causa, no XV Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, quando comemoramos 45 anos de conquistas, homenageamos um dos fundadores da SBGG, Dr. Abrahão Isaac Waisman. Prestes a completar 90 anos, ele conservava a viva alegria, nos estimulando a continuar perseverantes em direção aos nossos sonhos geriátricos e gerontológicos.

Seguindo seus ensinamentos retomamos a ideia de publicar, novamente, nossa revista científica. Silenciada por 20 anos, outra instituição incorporou sua identidade. Agora ela é conhecida como Geriatria & Gerontologia."
Hoje a Geriatria e Gerontologia em São Luís do Maranhão já tem sua sociedade oficializada,tendo como presidente a Dra Jacira do Nascimento Serra e secretaria geral Dra Maria Zali Borges Sousa San Lucas além de uma especial equipe geriatricogerontológica

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

HISTÓRIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO.


MADEIRA, T. P. S.; LOGRADO JÚNIOR, R. S.; MOREIRA, R. C. DE S. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO.

INTRODUÇÃO.
Dividido em duas grandes unidades, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) é formado pelos prédios Presidente Dutra e Materno Infantil, além de uma unidade ambulatorial no Campus. É um órgão da Administração Pública Federal, que tem por finalidade reunir assistência, ensino, pesquisa e extensão na área de saúde. É um hospital de ensino certificado pelo Ministério da Educação - MEC e Ministério da Saúde – MS. Por suas características de natureza pública, atende a todos, sem distinção, respeitando os princípios éticos das profissões, integra à estrutura orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS). Devido à sua importância, fizemos este trabalho com o intuito de apresentar a história do HU desde a criação até hoje.
OBJETIVOS.
Em geral, nosso trabalho consiste em fazer um estudo acerca da origem destas importantes unidades hospitalares. Mais especificamente, desde sua construção, passando pela inauguração, pelos momentos históricos marcantes, sua integração a Universidade Federal do Maranhão, também destacar o desenvolvimento das estruturas físicas e seus anexos até a situação atual e perspectivas futuras. Isso, visando à construção de um documento, o qual possa ser um embasamento para estudos posteriores.
METODOLOGIA.
Fazer uma abordagem bibliográfica de artigos, documentos do governo, da universidade, do próprio Hospital Universitário, além de fontes como jornais, revistas e sites que contribuam para a fundamentação. Seguido de uma avaliação da veracidade com auxílio de autoridades e confluência de informações. Organização destes documentos em ordem cronológica e lógica da evolução do HUUFMA. Assim, fazer a apresentação dos resultados e conclusão sobre o trabalho desenvolvido.
Resultados
Parcialmente, já temos acesso a documentos, que tratam da história destes hospitais. Destes, destacamos Decreto nº 50.915, 6 de Julho de 1961, em que o presidente da república Jânio Quadros inaugura o funcionamento do Hospital Presidente Dutra, mostrando também o primeiro quadro de funcionários. O site do HU, também mostra um pouco da história e o utilizamos para ter uma referência de pesquisa. O governo possui portais como o http://cnes.datasus.gov.br/cabecalho_reduzido.asp?VCod_Unidade=2111302726653 em que mostra dados atualizados sobre o HU (05/09/2012). Pelos estudos presentes, já se foi observado que a construção da unidade Presidente Dutra se iniciou em 1951 e foi inaugurado em 1961. Já o Materno Infantil foi construído em 1984. Porém, estes hospitais como integração do HUUFMA, só foi através da resolução nº 02/91-CA, de 28/01/91, resultando da cessão, pelo Ministério da Saúde, das Unidades Hospitalares "Presidente Dutra" e "Materno-Infantil”.
CONCLUSÃO.
É bastante prazeroso termos um conhecimento mais profundo sobre nosso local de ensino no qual podemos aprender a exercer a profissão em prol do bem de outros e entender como é importante o cuidar e como a vida pode ser frágil. Aprendemos sobre a necessidade da construção destes hospitais, sobre a importância do que foram melhorar estes locais de trabalho e que se devem melhorar ainda mais eles. Também é destacada a contribuição de personagens importantes. E assim formando a sua história que levou a conquistar o título de 3ª melhor Hospital Universitário do País, além de diversos prêmios nacionais e internacionais.



PALAVRAS-CHAVE: Hospital, Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, HUUFMA, Hospital Presidente Dutra, Hospital Materno Infantil.

domingo, 10 de fevereiro de 2013


AS AGRURAS DE DONA PETRONÍLIA.
Aymoré Alvim, SMHM.

Nos dias de hoje, se um parto normal for mal conduzido resultará numa série de complicações. Imaginemos, então, há cinqüenta ou mais anos atrás. Uma simples rotura ou frouxidão vaginal, bem como, ainda, um quadro mais complicado como queda de bexiga e do reto ou, mesmo, um prolapso uterino podem ser conseqüências de uma má qualidade da assistência obstétrica. Em certas localidades, no interior do Estado, é possível que, ainda, tais eventos possam ocorrer. As mulheres multíparas, isto é, que pariram muitos filhos de parto normal, sem um adequado acompanhamento, eram as mais prejudicadas.
A cirurgia estético-corretiva é, atualmente, rápida e simples, podendo, em alguns casos, ser realizada até com anestesia local. Tal recurso médico é muito importante para as mulheres, de vez que recuperam a auto-estima e melhoram o seu relacionamento com o parceiro.
Tais conseqüências, talvez, respondam por que uma grande maioria das gestantes, principalmente, aquelas que não usam os recursos do SUS, preferem a cirurgia cesariana.
Há alguns anos, isso era o grande pavor das mulheres, como ilustra muito bem a história de Petronília.
Moradora, no distrito de Pacas, num certo dia, ela procurou meu pai para uma orientação.
- Bom dia, compadre.
- Bom dia. Como vão as coisas? E o compadre?
- Lá, em casa, todos estão bem. Eu é que quero ter um particular com o compadre.
- Entre para cá, comadre. Dona Petronília entrou e sentou-se numa das cadeiras do escritório.
- Diga o problema, comadre.
- Seu Zé, seu compadre está bem, mas vive se queixando de que estou um pouco folgada.
- Quantos filhos você já teve, comadre?
- Tive oito. Cinco com parteira e três sozinha.
- É isso. Você fez muita força pra parir e afrouxou a musculatura da região.
- E agora, compadre, o que eu faço.
- Mulher, remédio disso é operação, mas só na capital.
- Mas, compadre, eu não posso ir lá. O senhor não dá um jeitinho por aqui.
- Jeitinho sempre a gente dá. Eu não sei é o que o compadre vai achar. Eu vou aqui e já volto.
Foi e voltou, trazendo uma caixinha com umas pedrinhas dentro.
- Comadre, leve isto. É pedra hume.
- E como eu faço?
- Um pouquinho antes da “função”, você pega uma bacia com água quente e ponha uma pedrinha para dissolver. Quando ficar morna, faça um banho de assento, molhando bem as partes. Depois de se enxugar bem, é só esperar.
- Muito obrigada, compadre. Quanto custa?
- Leve primeiro. Se funcionar a senhora volta e paga.
Se voltou eu não vi. Se deu certo eu não soube.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


I CONGRESSO PIAUIENSE DE HISTÓRIA DA MEDICINA
15 a 16 de março de 2013
Auditório do CRM-PI
Programação:
Dia 15/03/2013, sexta-feira.
19h30 Abertura
Presidente do Congresso: José Figueredo-Silva (PI)
Autoridades presentes

Posse da nova Diretoria SPiHM
Presidente da SPiHM: Luiz Ayrton Santos Junior (PI)

Conferência: “Medicina e Cangaço”
Leandro Cardoso Fernandes (PI)

Lançamento do livro: “História da Saúde Pública no Piauí”
de Viriato Campelo (PI)
Apresentação do Livro: Carlyle Guerra de Macedo (DF)

Coquetel

Dia 16/03/2013, sábado
8h Palestra: “História do HGV”
Francisco Ferreira Ramos (PI)
Presidente de Mesa: João Carvalho (PI)
Secretário: Gerardo Vasconcelos de Mesquita (PI)

9h Palestra:
Carlyle Guerra de Macedo (DF)
Presidente: Viriato Campelo (PI)
Secretário: (PI)

10h Cajuina-break

10h30 Palestra: “”
FIOCRUZ (RJ)
Presidente: Livio Portela Cardoso (PI)
Secretário: Isânio Vasconcelos Mesquita (PI)

11h30 Palestra: “A Morte de Wladimir Herzog”
João Amilcar Salgado (MG)
Presidente: Mauricio Paes Landim (PI)
Secretário:

15h Apresentação de Trabalhos Científicos
Presidente: Aymoré Alvim - (MA)
Secretário:

Mesa Diretora do Prêmio:
Jose Francisco Cavalcante (PI)
Leandro Cardoso Fernandes (PI)
Claudete Maria Miranda Dias (PI)

17h Conferência:
Jairo Furtado Toledo - Presidente da SBHM
Presidente: Gisleno Feitosa (PI)
Secretário: Kátia Maria Marabuco de Souza (PI)

Entrega do Premio “Francisco Ramos” aos melhores trabalhos científicos
Coordenação: Jose Figueredo-Silva (PI)
Luiz Ayrton Santos Junior (PI)

Encerramento

AO 03 - O BARBEIRO DA FAMEB: GUARDIÃO PERPÉTUO DO DAMED

JACOBINA, R.R; BOMFIM D.E.; DUTRA L.S.
Faculdade de Medicina da Bahia – FAMEB - Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA

A Faculdade de Medicina da Bahia (Fameb) tem um barbeiro, o Sr. Pedro Benedito de São José (Seo Bina) que atua num dos prédios da faculdade (Fameb-Vale do Canela) desde 1962, portanto, há cinco décadas. Ele recebeu uma placa de mármore de “guardião perpétuo” do Diretório Acadêmico de Medicina (Damed), fixada na parede externa da sede do Damed, no prédio do Vale do Canela. Objetivos: 1 - Identificar o protagonismo de outros sujeitos na história da escola mater da medicina brasileira; 2 – Investigar a razão da homenagem dos estudantes ao barbeiro. Metodologia: Estudo descritivo-analítico sobre o papel dos sujeitos na história. Usando a técnica da entrevista semi-estruturada foram feitos dois depoimentos do Sr. Pedro Benedito (Seo Bina): o primeiro, em 2006, numa entrevista filmada por dois acadêmicos; e o segundo, em junho de, 2009, em entrevista gravada por um professor que trabalha com pesquisa histórica. Resultados: O estudo constatou a dedicação de uma pessoa sem vínculo formal com a instituição, mas com um profundo vínculo simbólico com a Fameb-Ufba. Constatou também o protagonismo de Seu Bina na história bicentenária da Fameb, em especial, no período do regime militar (1964-1985), quando colocou sua segurança pessoal em risco na defesa de estudantes da escola médica, abrigando e escondendo lideranças estudantis dentro de sua barbearia quando as forças da repressão política invadiram algumas vezes a Fameb no Terreiro de Jesus. Em recente reforma (2008-2009), a Reitoria tentou desalojar o barbeiro, mas esta tentativa foi rechaçada pela direção, por docentes e, sobretudo, por centenas de estudantes da Faculdade. Conclusão: A história de uma instituição bicentenária não é só feita por seus dirigentes ou quadros mais titulados. Este estudo revela um barbeiro como monumento vivo, a ter seus direitos em vida defendidos e cuja memória deve ser preservada pela mais antiga faculdade de medicina do país.