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domingo, 7 de agosto de 2011

Esquistossomose no Maranhão *

* Aymoré Alvim
1. A HISTÓRIA
          A história da esquistossomose mansônica remonta , aproximadamente, há mais de 1.500 anos a.C., conforme os exames conduzidos em múmias do antigo Egito. Para Lenzi, 1997, essa interação homem-Schistosoma parece ter começado, na África, há  80.000 anos atrás. (1)
          Muitos anos se passaram até a identificação do parasito por Theodor Bilharz, em 1852, quando trabalhava no Egito Ao concluir que se tratava de um trematódeo de sexos separados que tinha por habitat o ambiente intravascular, criou a espécie Distoma haematobia. Posteriormente, em 1858, Weiland observando a fenda longitudinal do macho a inclui, no gênero Schistosoma. Um ano depois, Diesing denomina a referida fenda de canal ginecóforo por servir para transportar a fêmea (2).
          Em 1892, Patrick Manson sugeriu a existência de duas espécies de Schistosoma parasitos do homem. Mas foi somente em 1907 que Sambon incluiu os trematódeos com ovos de espícula lateral, na espécie Schistosoma mansoni. Embora Looss haja se posicionado contrário às sugestões de Sambon, as dúvidas foram, definitivamente, esclarecidas por Pirajá da Silva após os trabalhos conduzidos, na Bahia, em 1908, confirmando as conclusões de Sambon.
          Após as observações de Miyaki e Suzuki, em 1913, confirmarem a presença do molusco, no ciclo evolutivo do parasito, Faust e cols. estudaram a sua passagem pelo hospedeiro vertebrado fechando, assim, o ciclo heteroxeno do S. mansoni. (3).

2. A INTRODUÇÃO NO MARANHÃO
          Introduzido no Estado, à época da colonização por africanos procedentes de áreas, posteriormente, reconhecidas como endêmicas da doença, o S. mansoni encontrou as condições bioecológicas favoráveis para se distribuir formando as duas atuais áreas de distribuição: a endêmica que compreende as microrregiões da Baixada e Litoral Norte Ocidental e a Focal formada por vários municípios onde são detectados focos de transmissão.
          Dos atuais 25 municípios que compõem a área endêmica, 7 apresentam prevalência superior a 6% enquanto a área Focal com baixas taxas de portadores, incorpora 27 municípios o que registra para o Maranhão um  índice de 6,9% (4).

3. OS PRIMEIROS CASOS REGISTRADOS
          Após os estudos conclusivos de Pirajá da Silva, em 1908, 12 anos depois os médicos Achilles Lisboa e Herbert Jansen relataram os 10 primeiros casos encontrados, no Maranhão, sendo 2 em São Luís e 8 em Cururupu. Este município, que ainda apresenta taxa de prevalência superior a 10%, está localizado na microrregião do Litoral Norte Ocidental onde estavam estabelecidas várias fazendas, nas quais trabalharam muitos escravos africanos, nas lavouras de cana-de-açucar e algodão.
          Posteriormente, em 1924, o Dr Attico Seabra, Chefe do Posto de Saúde de Cururupu, informou em relatório ao Diretor do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural do Estado, o diagnóstico de mais 13 casos no município.
          Nesse mesmo ano, Alvim e Fiquene, referem que o Dr. Thales Martins, ao examinar vísceras de soldados procedentes do Nordeste, inclusive do Maranhão, no Hospital Central do Exercito do Rio de Janeiro, encontrou casos de bilharziose. A estas informações foram acrescentados, em 1925, por Heraldo Maciel  a existência de um grande foco endêmico no Nordeste que abrangia o sudeste do Maranhão onde fora registrado taxa de 1,8%.
          Exames anatomo-patológicos de viscerotomias realizadas por Davis em 1934, por Evandro Chagas, em 1938 e por Madureira Pará em 1949 para o Programa de Controle da Febre Amarela reafirmaram a ocorrência da esquistossomose, no Estado.

4. BIBLIOGRAFIA.

1. LENZI, Henrique L et al. Immunological System and Schistosoma mansoni: Co-evolutionary Immunobiology. What is the eosinophil role in Parasite-host relationship? Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 92: Suppl.II: 19-32, 1997.
2. PESSOA, Samuel B. e MARTINS, Amílcar V. Pessoa Parasitologia Médica. Ed.10. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1997.
3. KATZ, Naftale e ALMEIDA, Karine. Esquistossomose, Xistosa, Barriga D’Água. Cienc.Cult. 55(1): São Paulo, 2003.
4. MARANHÃO. Gerência de Qualidade de Vida. Programa de Controle da Esquistossomose, 2007.