Faculdade de Medicina da Bahia – FAMEB - Universidade Federal da Bahia,
Salvador-BA
domingo, 30 de junho de 2013
O BARBEIRO DA FAMEB: GUARDIÃO PERPÉTUO DO DAMED.
JACOBINA, R.R; BOMFIM D.E.; DUTRA L.S.
A Faculdade de Medicina da
Bahia (Fameb) tem um barbeiro, o Sr. Pedro Benedito de São José (Seo Bina) que
atua num dos prédios da faculdade (Fameb-Vale do Canela) desde 1962, portanto,
há cinco décadas. Ele recebeu uma placa de mármore de “guardião perpétuo” do
Diretório Acadêmico de Medicina (Damed), fixada na parede externa da sede do
Damed, no prédio do Vale do Canela. Objetivos: 1 - Identificar o protagonismo
de outros sujeitos na história da escola mater da medicina brasileira; 2 –
Investigar a razão da homenagem dos estudantes ao barbeiro. Metodologia: Estudo
descritivo-analítico sobre o papel dos sujeitos na história. Usando a técnica
da entrevista semi-estruturada foram feitos dois depoimentos do Sr. Pedro
Benedito (Seo Bina): o primeiro, em 2006, numa entrevista filmada por dois
acadêmicos; e o segundo, em junho de, 2009, em entrevista gravada por um
professor que trabalha com pesquisa histórica. Resultados: O estudo constatou a
dedicação de uma pessoa sem vínculo formal com a instituição, mas com um
profundo vínculo simbólico com a Fameb-Ufba. Constatou também o protagonismo de
Seu Bina na história bicentenária da Fameb, em especial, no período do regime
militar (1964-1985), quando colocou sua segurança pessoal em risco na defesa de
estudantes da escola médica, abrigando e escondendo lideranças estudantis
dentro de sua barbearia quando as forças da repressão política invadiram
algumas vezes a Fameb no Terreiro de Jesus. Em recente reforma (2008-2009), a
Reitoria tentou desalojar o barbeiro, mas esta tentativa foi rechaçada pela
direção, por docentes e, sobretudo, por centenas de estudantes da Faculdade.
Conclusão: A história de uma instituição bicentenária não é só feita por seus
dirigentes ou quadros mais titulados. Este estudo revela um barbeiro como
monumento vivo, a ter seus direitos em vida defendidos e cuja memória deve ser
preservada pela mais antiga faculdade de medicina do país.
terça-feira, 18 de junho de 2013
MÉDICOS ESTRANGEIROS PARA QUE?
ALDIR PENHA
COSTA FERREIRA.
AMM, SMHM.
Um dos
assuntos em voga no Brasil, no momento, é a “importação” de médicos
estrangeiros. Mais do que isso, aparentemente querem que eles exerçam a
profissão no nosso país sem a apreciação de seus currículos pelas entidades
fiscalizadoras, no caso o Conselho Federal e os Estaduais de Medicina. Isso é
péssimo! Nem aos filhos da terra se concede tal privilégio!
Dias atrás,
numa entrevista de televisão, um cidadão das altas esferas deu a impressão de
ser um daqueles que, num gabinete climatizado, enchem a cabeça de estatísticas
e passam a ditar normas para o Brasil inteiro. Sou capaz de afirmar, com todo
respeito, que referido cidadão – e, provavelmente, os que advogam a vinda dos
médicos estrangeiros para o Brasil – não conhece a nossa realidade,
especialmente o interior do Nordeste. Confunde Campinas, por exemplo, com
municípios do interior do Maranhão, e cita estatísticas da Inglaterra – que
está, em condições de trabalho para os médicos, a anos-luz de distância de nós
-, para justificar as suas convicções.
Essas pessoas
deveriam conhecer para poder falar. Ir ao interior, circular pelas nossas
cidades, percorrer as trilhas no lombo de burros, ver a pobreza das palhoças,
sentir a dor das promessas não cumpridas e a decepção de ter contribuído para a
eleição de certos líderes.
As
precariedades do meio se refletem nas condições de trabalho dos médicos. É
comum ver-se – não só no Maranhão – o modo deficiente como funcionam muitas
unidades de saúde. Construir é mais fácil do que fazê-las funcionar e
mantê-las. O médico, como profissional, é limitado por essas deficiências.
Um dos tópicos
abordados pelo cidadão da entrevista foi o tempo necessário para a formação de
um especialista médico. Deu como exemplo um neurologista que, após os seis anos
do curso regular, necessita de mais cinco para a pós-graduação. Tudo bem, mas
faltou dizer que, para se manter na crista da onda, o médico tem que estudar
por toda a vida, dentro ou fora de uma universidade. O esforço tem que ser
contínuo, e os onze anos citados são apenas o começo.
Não é só isso.
Infelizmente não é só isso. Dias atrás, a televisão mostrava um motorista do
Senado que recebe por mês nada menos que R$21.000,00. Isso soa como uma
zombaria para a classe médica, principalmente de São Luís, pois é quase seis
vezes o salário de um médico da nossa prefeitura! E mais: duvido que alguém,
trabalhando exclusivamente como médico assalariado no interior, receba os
polpudos vencimentos que andam apregoando por aí. Sou capaz de afirmar que nem
os prefeitos – sim, os prefeitos! – limpo, limpo, recebem isso.
Tempos atrás
uma pesquisadora da UFMA falava de um trabalho que fizera junto a médicos de
São Luís. Dizia, dentre outras coisas, da sua surpresa para a resposta que
muitos deram ante a pergunta: “O que o senhor faz nos momentos ociosos, como
lazer?” A maioria respondeu: “Dormir”. A conclusão foi que eles aproveitam tais
momentos para descansar. Preferem permanecer na Capital, onde as condições de
trabalho são menos ruins, mesmo sendo mal pagos e tendo que trabalhar em
dobro.
A “importação”
de médicos estrangeiros tem um cheiro de manobra escusa. Faz supor a existência
outros interesses. A UFMA, só para citar um exemplo, forma em média 50 novos
médicos por ano. Deem-lhes condições de trabalho e salários dignos, que eles
estarão onde for necessário.
domingo, 2 de junho de 2013
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIRURGIA DE VARIZES.
MATOS, C.C.S.A.; ERICEIRA, F.B.P.
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: os primeiros
relatos de varizes remontam da antiguidade, do reinado de Amenophis i (1550
a.c.). Há relatos de réplicas de mmii com varizes, na Grécia Antiga. Com a
evolução da medicina, da tecnologia e dos procedimentos cirúrgicos, a conduta
se alterou significativamente até os dias atuais. Objetivo: descrever a
história e evolução da conduta cirúrgica no tratamento de varizes. Métodos:
revisão bibliográfica de artigos científicos de maior relevância sobre o
assunto, pesquisados em bases de dados online. Resultados: Hipócrates (460-377
a.c.), o primeiro a associar veias varicosas e úlceras na perna, cauterizava
varizes com ferro em brasa. Aurelius Cornelius Celsius, na era romana,
descreveu incisões escalonadas, cauterização da veia e retirada dos vasos,
semelhante às incisões atuais. Cem anos depois, Cláudio Galeno usava um gancho
entre duas ligaduras para extirpar veias dilatadas. Na escola de Alexandria, se
falava em ligaduras vasculares. Na idade média não houve progresso – teoria humoral
de Galeno vigente. William Harvey (1628) publicou a descoberta das válvulas
venosas. Richard Wiseman (1676) provou que a incompetência valvular resultava
da dilatação de uma veia. No final do século 18 e início do 19, por influência
de Newton, passou-se a considerar a atuação da gravidade. Bünger (1823)
praticou a primeira operação de enxerto. Evolução da cirurgia no final do
século 19 (assepsia e anestesia), com vários relatos de novos procedimentos e
instrumentos. Babcock (1907) desenvolveu o fleboextrator. Em meados de 1920, a
injeção de substâncias esclerosantes tornou-se popular. Firmou-se a necessidade
de interrupção dos pontos de refluxo venoso. Em 1968, Kistner realizou a
primeira reconstrução valvular. É relatada a partir de 1999 a aplicação da cauterização
endoluminal das veias safenas com a radiofreqüência (RF). O uso de energia a
laser mostrou resultados promissores. A fotocoagulação pelo laser endovenoso
foi descrita no mesmo ano que a RF. Atualmente, o padrão-ouro para o tratamento
cirúrgico de varizes devido à insuficiência da junção safeno-femoral associada
ao refluxo na vsi é a ligadura da crossa com fleboextração. O uso da
pletismografia a ar (pga) tornou-se popular, mas há críticas. A flebografia foi
durante muitos anos padrão no estudo das doenças venosas, sendo hoje pouco
utilizada. Conclusão: muito se estudou ao longo do tempo e se alterou no
tratamento de varizes, mas ainda há muito a aperfeiçoar nas novas condutas
propostas.
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