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sábado, 4 de junho de 2011

D. JOÃO E UMA ESCOLA DE MEDICINA PARA O MARANHÃO *

          As condições sanitárias e a saúde das comunidades do Maranhão até meado do século 19 eram muito precárias. A falta de médicos e cirurgiões habilitados, em escolas regulares da Europa, deixava como única opção recorrer aos serviços oferecidos por cirurgiões, físicos, barbeiros, sangradores, curiosos, feiticeiros e curandeiros. Os poucos médicos que se estabeleceram, profissionalmente, no Estado, tinham, em geral, formação bastante duvidosa.
Ao chegar ao Brasil, em janeiro de 1808, o Príncipe Regente D. João, possivelmente, preocupado com a escassez de profissionais para atender as necessidades do vasto território da colônia, acolheu a proposta do seu cirurgião-mór, José Corrêa Picanço e decidiu, no seguinte mês de fevereiro, pela instalação de uma Escola de Cirurgia, em Salvador-Bahia. Em novembro desse mesmo ano, foi instalada a do Rio de Janeiro.
          A necessidade de reorganizar essas escolas levou o Príncipe Regente a autorizar pelo Decreto de primeiro de abril de 1813 a execução do Plano de Estudos de Cirurgia, elaborado pelo médico Manoel Luís Álvares de Carvalho. Nesse plano, foi sugerida a criação de 3 Academias médico-cirúrgicas compreendendo  a transformação das duas já em funcionamento e uma terceira, em São Luís do Maranhão. Esta escola foi prometida por D. João, em Carta Régia de 29 de dezembro de 1815. Apesar da boa vontade real, a distância da Corte, a falta de infra-estrutura e de profissionais qualificados para tal empreendimento, por certo, inviabilizaram o projeto.
          Nova tentativa surgiu, em 1827. O professor e deputado baiano, Lino Coutinho, apresentou à Câmara dos Deputados do Império a proposta de instalação de uma Academia Médico-Cirúrgica, em São Luís do Maranhão. Apesar da sua aprovação, o projeto, enviado para o Senado, por lá ficou. A omissão e a falta de vontade política dos senadores da Província deixaram que se perdesse mais uma oportunidade de desenvolvimento para o Maranhão que teve de esperar por mais de um século para ter a sua Escola de Medicina.

*ALVIM, Aymoré de Castro – Universidade Federal do Maranhão.


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