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sábado, 4 de junho de 2011

FRANÇA EQUINOCIAL: O QUADRO NOSOLÓGICO E A ARTE CURAR.*

A França Equinocial foi uma tentativa da Coroa francesa de colonizar o norte do Brasil, mais precisamente, o Maranhão.
À frente de uma expedição composta por, aproximadamente, quinhentos homens dentre os quais nobres e religiosos capuchinhos, Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière aportou, no dia 6 de agosto de 1612, em Upaon-açu, atual Ilha de São Luís. Foram todos bem recebidos pelos donos da terra, os Tupinambás, com os quais já conviviam alguns franceses que com frequência pirateavam na costa da região.
Mandou La Ravardière erigir um forte, em estratégica posição da Ilha, ao qual deu o nome de São Luís em homenagem a Luís XIII, estabelecendo, assim, a França Equinocial, em oito de setembro desse mesmo ano.
A duração foi efêmera, 1612 a 1615, mas a tentativa de colonização propiciou como pontos positivos uma tomada de atitude de Portugal em reforçar as defesas da parte setentrional da colônia e a oportunidade de se conhecer melhor, nos relatos dos capuchinhos Claude d’Abbeville e Yves d’Evreux, as potencialidades da terra e o modo de vida de seus donos.
Para esses missionários a terra era boa e agradável, rica em árvores frutíferas, ervas medicinais, variados pássaros, peixes e mariscos. Os tupinambás eram fortes e pouco propensos às doenças. Viviam cerca de cem a cento e vinte anos.
Dentre as enfermidades, d’Evreux relatou a piã como consequência de contatos sexuais promíscuos e tinha um quadro parecido com o mal de Nápoles. A bouba de evolução grave fazia muitas mortes. Febres como terça, quartã e “febre incerta” eram acompanhadas por vômitos, dores abdominais e prostração. Os defluxos (inflamação nasal com corrimento) e as violentas dores de dentes constituíam com as oftalmias purulentas e picadas de serpentes peçonhentas sérios problemas de saúde.
A arte de curar era restrita ao pajé, um misto de médico e feiticeiro, a que todos respeitavam. Usava ervas medicinais em infusões, decocto e cataplasmas. Fazia escarificações e sangrias além de cirurgias rudimentares em acidentados de guerra. Meireles faz referência a um cirurgião francês, Thomas de Laster, que veio com La Ravardière. Sobre sua atividade profissional sabe-se apenas da ajuda prestada aos portugueses feridos em combate por solicitação de La Ravardière.

* Aymoré de Castro Alvim

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