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domingo, 10 de fevereiro de 2013


AS AGRURAS DE DONA PETRONÍLIA.
Aymoré Alvim, SMHM.

Nos dias de hoje, se um parto normal for mal conduzido resultará numa série de complicações. Imaginemos, então, há cinqüenta ou mais anos atrás. Uma simples rotura ou frouxidão vaginal, bem como, ainda, um quadro mais complicado como queda de bexiga e do reto ou, mesmo, um prolapso uterino podem ser conseqüências de uma má qualidade da assistência obstétrica. Em certas localidades, no interior do Estado, é possível que, ainda, tais eventos possam ocorrer. As mulheres multíparas, isto é, que pariram muitos filhos de parto normal, sem um adequado acompanhamento, eram as mais prejudicadas.
A cirurgia estético-corretiva é, atualmente, rápida e simples, podendo, em alguns casos, ser realizada até com anestesia local. Tal recurso médico é muito importante para as mulheres, de vez que recuperam a auto-estima e melhoram o seu relacionamento com o parceiro.
Tais conseqüências, talvez, respondam por que uma grande maioria das gestantes, principalmente, aquelas que não usam os recursos do SUS, preferem a cirurgia cesariana.
Há alguns anos, isso era o grande pavor das mulheres, como ilustra muito bem a história de Petronília.
Moradora, no distrito de Pacas, num certo dia, ela procurou meu pai para uma orientação.
- Bom dia, compadre.
- Bom dia. Como vão as coisas? E o compadre?
- Lá, em casa, todos estão bem. Eu é que quero ter um particular com o compadre.
- Entre para cá, comadre. Dona Petronília entrou e sentou-se numa das cadeiras do escritório.
- Diga o problema, comadre.
- Seu Zé, seu compadre está bem, mas vive se queixando de que estou um pouco folgada.
- Quantos filhos você já teve, comadre?
- Tive oito. Cinco com parteira e três sozinha.
- É isso. Você fez muita força pra parir e afrouxou a musculatura da região.
- E agora, compadre, o que eu faço.
- Mulher, remédio disso é operação, mas só na capital.
- Mas, compadre, eu não posso ir lá. O senhor não dá um jeitinho por aqui.
- Jeitinho sempre a gente dá. Eu não sei é o que o compadre vai achar. Eu vou aqui e já volto.
Foi e voltou, trazendo uma caixinha com umas pedrinhas dentro.
- Comadre, leve isto. É pedra hume.
- E como eu faço?
- Um pouquinho antes da “função”, você pega uma bacia com água quente e ponha uma pedrinha para dissolver. Quando ficar morna, faça um banho de assento, molhando bem as partes. Depois de se enxugar bem, é só esperar.
- Muito obrigada, compadre. Quanto custa?
- Leve primeiro. Se funcionar a senhora volta e paga.
Se voltou eu não vi. Se deu certo eu não soube.

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